Entrevista com Antônio Pitanga
Encontrei Antônio Pitanga na divulgação do filme “Pitanga”, a princípio era para ser uma entrevista formal, mas ele foi tão simpático e de tamanha espontaneidade que tudo virou um bate papo descontraído e cheio de informações valiosas sobre sua trajetória como ator.
Paula Ferreira – “Pitanga”” é um documentário que traz sua trajetória, como foi ter sido dirigido não apenas por Beto Brant, mas por Camila Pitanga, sua filha?
Antônio Pitanga – Como diria Roberto Carlos “são tantas emoções”. O Beto Brant também diretor desse documentário é uma pessoa que eu admiro muito, conceituadíssimo e no sentido de dar oportunidade à Camila para dividir com ele a direção do filme, foi de grande generosidade. Camila passa não mais a ser minha filha, mas sim Camila Pitanga, a diretora que é consagrada, pois esse universo é de 99.9% de homens, essa conquista é nobre e de maior alegria pra mim. Já falei pra ela que sou seu pé de coelho nessa sua estreia como diretora.
Paula Ferreira – O que podemos esperar do documentário “Pitanga”?
Antônio Pitanga – Uma revisitação do que os jovens e estudantes do movimento da cultura que é um instrumento socializador faziam na década de 60. Qual o Brasil a gente queria e que no Brasil de hoje está igual, os anseios que hoje se busca eram os mesmos daquela época. Através dos encontros que acontecem e a humanização que eles deram na linha do filme, faz com que você fique com muita vontade de saber não só como eram esses jovens, mas o que fizeram e como fizeram e também da vontade de rever suas obras.
Paula Ferreira – E preconceito racial, como foi pra você?
Antônio Pitanga – Quando falo que ontem está muito próximo de hoje é que não vencemos essa batalha de gênero, direito da mulher, direito do negro, acho que ainda falta muito hoje, temos um pouco mais de duzentos milhões de habitantes no Brasil, dos quais 55% são negros e ainda dependemos do padrão. Você vê em uma novela um Tarcísio Meira, um Tony Ramos, um Bruno Gagliasso, protagonistas, então vê um Lazaro Ramos, uma Taís Araújo, uma Camila Pitanga costumeiramente no Brasil e de vez em quando aparece esses representantes na tela. Tem pessoas fundamentais que representam as pessoas que você encontra nas ruas, nas esquinas, nos becos, nos estádios, mas você não vê essas pessoas na dramaturgia e quando aparecem são de maneira pinçada, não é uma coisa que se vê normalmente como acontece na realidade.
Terminamos essa nossa proza deliciosa relembrando que não foi a primeira vez que nos encontramos. Essa entrevista não termina por aqui, você pode ver ela completa e na íntegra lá no meu canal no youtube o “Tudo Nada a Ver” aproveita, se inscreve e compartilhe.