Mesmo com todos os desafios entorno da maternidade e da essência do ser mulher, Gabrielle, Bruna, Polianne, Thaine e Viviane decidiram se colocar em primeiro lugar
DA REDAÇÃO
FOTOS: EDUARDA CAMILO/ARQUIVO PESSOAL

Ser mulher já é uma tarefa difícil, com a maternidade esta dificuldade pode triplicar, se levarmos em consideração que a mulher tem uma tripla jornada de trabalho e precisa se dividir entre cuidar da casa, da família e da sua carreira.
No meio de tantas cobranças, compromissos e responsabilidades é comum perder-se na rotina. Mas perder o poder interior, a autoestima, a confiança em si mesma e a felicidade é um hábito que tem se tornado constante na vida de milhares de mulheres, mas não deveria ser assim.
Com essa mentalidade, Gabrielle Nascimento, de 33 anos, fundou as Cheetaras, um grupo de corrida formado por mulheres espalhadas pelo Brasil inteiro que tem como objetivo incentivar o amor próprio e auto aceitação através do esporte.
“A gente quer que independente da crença, ideologia, idade, entre outras características, as mulheres possam ter convicção de quem são, do que elas buscam e que se amem”, completa Gabrielle.
A depressão, relacionamentos abusivos, comodismo, sedentarismo faziam parte da realidade de muitas das integrantes do grupo, e observaram fatores e características em comum que levavam a falta de amor próprio e a baixa autoestima. O que fez o grupo se tornar muito mais que um grupo de corrida, mas também um lugar seguro para que estas mulheres pudessem se encontrar novamente.
As Cheetaras
Além da linda simbologia por trás de cada detalhe sobre as Cheetaras, existem histórias inspiradoras de mães que resgataram sua autoestima e valores. Conheça algumas delas.
Gabrielle Nascimento descobriu o verdadeiro significado de ser mãe ainda muito cedo. Com apenas 12 anos, Gabrielle teve que criar sua irmã Francielle, e mais tarde sua irmã Danielle, devido a depressão pós-parto sofrida pela mãe.
“Minha mãe perdeu uma filha quando eu tinha 5 anos e mais tarde ao ser mãe de novo, infelizmente teve depressão pós-parto ficando totalmente impossibilitada de criar minhas irmãs. Então com 12 anos já soube o que é ser mãe, acordar de madrugada, alimentar, trocar fralda, dar o primeiro banho, ensinar falar, andar…”.
Além de ter vivenciado a experiência de ser mãe tão cedo, Gabrielle também sofre todos os dias com a depressão. Luta que ela assume com orgulho, sempre buscando incentivar e ajudar outras pessoas.
“Hoje as Cheetaras são o meu fôlego, minha válvula de escape. E quando eu tenho certeza que posso sim ir além, que sim, meu batom vermelho é lindo em mim, e que eu sou especial exatamente como sou, com todas as minhas limitações, eu me amo”, confessa Gabrielle.
Polianne Sena, cofundadora das Cheetaras, nasceu em uma cidade pequena na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Começou a trabalhar e se casou ainda muito cedo, consequentemente tornando-se mãe ainda jovem.
Mesmo tendo perdido grande parte da sua adolescência, Polianne acredita que todas as responsabilidades adquiridas precocemente e dificuldades, valeram à pena, pois formaram a mulher que ela é hoje. Polianne também lida todos os dias com sua condição médica, a Diabetes Mellitus Tipo 1.
A atividade física é imprescindível e, de acordo com Polianne, nenhuma atividade trouxe tanto prazer e amor como a corrida. Ainda confessa que sua filha, além de apoiá-la, já tem o uniforme das Cheetaras.
Thaine Brito tornou-se mãe aos 21 anos, sem o apoio do pai da criança, que foi ausente durante toda a gestação. Ao conhecer a Gabrielle e o grupo, passou a se motivar. Tornou-se uma mulher mais independente, começou a graduação, que hoje está concluindo. “Ser mãe significa ter sentido na vida. Meu filho tem 8 anos é o meu grande amor, faço tudo por ele! Aí veio as Cheetaras que nos trouxe mais um up para se cuidar, olhar mais para nós mesmas e nos amar cada vez mais!”, afirma Thaine.
Bruna Grandini nutre o amor pela corrida desde criança, quando seu pai a levava para correr nas ruas de Paulínia. Quando a maternidade veio passou a se dedicar ao filho e acabou deixando de correr. Porém, ao conhecer Gabrielle e o grupo Cheetaras, sentiu-se motivada para retomar a paixão pela corrida. Hoje, Bruna está a caminho de ser uma meia-maratonista, como é classificada a pessoa que completa uma corrida de 21km. “Ser mãe não significa que tudo parou, correr também é uma forma de passar um tempo com seu filho. Quando vou treinar, meu filho vai de bicicleta, por vezes corre comigo. Participamos de uma corrida em família eu, meu esposo e o Artur. A ‘Pernas de Aluguel’ foi uma corrida maravilhosa e pude compartilhar esse momento com a minha família”, afirma Bruna.
Viviane Rodrigues professora e mãe de duas filhas, uma de 19 anos e a outra de 17 anos. Ela se encontrava em um relacionamento que não era saudável, gerando o início de uma depressão. Encontrou nas Cheetaras a possibilidade de mudança e recomeço. Em apenas um mês no grupo, Viviane já perdeu 10kg. Conquista que ela ostenta com orgulho. Além de começar a se exercitar, Vivi também adotou um estilo de vida mais saudável, passou também a trabalhar sua autoestima e confiança, demonstrando toda a sua força interior. “A mulher do momento, tem que estar onde ela quiser. Não somos mais submissas. Trabalhamos, pagamos nossas contas, dirigimos, às vezes, sustentamos a casa. Corremos atrás de um sonho”, declara a professora Viviane Rodrigues.