Símbolos da terra

Memória: esta é uma reportagem especial da edição histórica da Revista ZAP de 2014, comemorativa aos 50 anos de Paulínia

Todos temos nossa identidade, nossa marca. Paulínia não é diferente, com sua Bandeira, Hino e Brasão

POR CISSA TORELLO
FOTOS: ARQUIVOS ZAP ED. 24/2014

Depois da emancipação, em 1964, várias providências foram tomadas e Paulínia começava figurar um município de verdade. Foi em 1970 que o prefeito Vicente Amatte enviou para a Câmara um Projeto de Lei instituindo o Brasão de Armas e a Bandeira do Município de Paulínia, escolhidos por meio de um concurso aberto. O professor e doutor Wallace de Oliveira Guirelli, advogado licenciado em História e Heraldista, foi o vencedor da autoria do Brasão, que é definido não visualmente, mas, antes, pela sua descrição escrita numa linguagem própria, a linguagem heráldica. Já a Bandeira de Paulínia é de autoria do heraldista e professor Arcinóe Antonio Peixoto de Faria, da Enciclopédia Heráldica Municipalista. Ela é esquartelada em cruz, sendo os quartéis verdes constituídos por quatro faixas amarelas carregadas de sobre-faixas azuis, dispostas duas a duas no sentido horizontal e vertical e que partem de um losango branco central, onde o Brasão de Armas do Município é aplicado. Na ocasião, foram distribuídos folhetos informativos divulgando o texto da Lei às repartições públicas, escolas, bibliotecas, entidades, estudantes, funcionários e interessados, a reprodução do Brasão e da Bandeira e as respectiva  justificativas histórico-heráldico- -simbólicas, como também atos relativos ao concurso, a fi m de tornar notória a mais nova e importante conquista do Município.

Homenagem: A praça próxima ao Fórum presta homenagem ao autor do Hino de Paulínia, o poeta João Gurgel Júnior, o qual não foi possível localizar uma imagem, mesmo na Academia Campineira de Letras e com a família

“Esse nosso torrão tão bonito…

Dizem que para um bom entendedor meia palavra basta, neste caso uma estrofe do Hino de Paulínia já é suficiente para saber sobre o que se trata. O Hino de Paulínia foi o último dos “símbolos” a ser criado. Se tornou o hino oficial através da Lei Municipal nº 739, sancionada pelo prefeito Geraldo José Ballone em 24 de agosto de 1981, escolhido por meio de concurso aberto como os outros símbolos. Composto pelo poeta João Gurgel Júnior, com música do maestro Fausto Massaíni, o Hino em seu tema, invoca o dinamismo, amor ao trabalho e hospitalidade do povo de Paulínia e a pujança do seu progresso, destacando a sua participação para o progresso do Estado e da Nação.

Cadeira Gurgel Jr.: Nilza Azzi é poeta e ocupa hoje a cadeira de número 32 da Academia Campineira de Letras e Artes, eternizada por João Gurgel Júnior. “É uma honra ocupar essa cadeira. Alegro-me por encontrar afinidade com a sua lírica, além de apreciar a forma como trabalhava o ritmo, expressava sensibilidade e revelava nobreza na escolha dos temas. Minha criação está voltada para poemas de forma fixa e tenho como ideal aprimorá-lo sempre, seguir a trilha de meu patrono”.

O poeta Gurgel Jr.

João Gurgel Júnior nasceu em 23 de janeiro de 1896, no Vale do Paraíba. Cursou Faculdade de Direito até o terceiro ano, pois o irmão que custeava seus estudos, com dificuldades financeiras, não pôde mais arcar com as despesas. Ao parar com os estudos decidiu ir morar no Rio de Janeiro, onde viveu 23 anos. No Rio, frequentando as rodas culturais conviveu com Carlos de Laet, Augusto Frederico Shimidt, Sobral Pinto, Atílio Milani, Rosário Fusco e José Geraldo Vieira. Conheceu Olavo Bilac, Humberto Campos, Monteiro Lobato e outras personalidades conhecidas pelas suas obras até os nossos dias. Na década de quarenta voltou para Campinas como funcionário público, trabalhando no Instituto Agronômico. Não tinha apego às coisas materiais, era muito religioso, otimista e dono de uma sensibilidade inconfundível, a qual pode-se notar em seus poemas. Sempre jovial, nunca aparentava a idade que tinha. Inteligente, culto, escrevia com facilidade seus poemas. Possuía uma memória privilegiada sabia de cor poemas de poetas brasileiros e portugueses. Nunca teve um arquivo, não guardava suas produções o seu livro foi resultado do que conseguiu recolher de publicações espalhadas, cumprindo o papel do verdadeiro poeta. Hoje, eternizado como patrono da cadeira de número trinta e dois da Academia Campineira de Letras e Artes, João Gurgel Junior deixa entre as suas obras a letra do Hino de Paulínia.

Massaíni, o pianista

Fausto Massaíni nasceu em 31 de dezembro de 1912. Desde menino teve contato com a música, seu primeiro professor de piano foi o maestro Salvador Bove, tornando-se profissional aos 23 anos de idade.Formado em 1935, pelo Colégio Musical Carlos Gomes, onde mais tarde lecionou piano e harmonia, fez aperfeiçoamento musical com o maestro Manfredini, em São Paulo, nos anos de 1936 e 1937. Ele sonorizava filmes mudos. “Se a fita era uma comédia, a música tinha que ser ligeira, saltitante. Se era um drama, a trilha, evidentemente, era pausada”, comentou em entrevista ao Correio Popular, publicada em 28 de junho de 1987. Como um bom músico, durante 25 anos manteve a Casa Fausto, que vendia instrumentos musicais, partituras e discos. A loja funcionou até o início da década de 1970. O prédio ficava na esquina das ruas Barão de Jaguara e Ferreira Penteado em Campinas. Com um currículo desejável a qualquer músico, Massaíni traz uma lista de atividades exercidas. Na PRC-9 – Rádio Educadora,Fausto Massaíni manteve por anos um programa ao meio-dia em que, por 30 minutos, tocava peças ao piano e apresentava convidados. Em 1997, recebeu medalha da Câmara Municipal de Campinas por sua dedicação na divulgação da obra de Carlos Gomes. Atuou em diversas entidades culturais. Foi diretor do Centro de Poesia e Arte de Campinas, diretor do Instituto Cultural Ítalo- -Brasileiro de Campinas, delegado da Sociedade de Direito Autoral em Campinas e diretor artístico da Associação Brasileira Carlos Gomes de Artistas Líricos. Há uma praça com seu nome no Jardim Sul América, também em Campinas. E para finalizar, o maestro que gostava de hinos, assina a música do Hino de Paulínia.

 

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