Há mais de 30 anos, loja oferece ambiente diferenciado, colecionando amigos e contribuindo para a valorização da autoestima de sua clientela
POR FERNANDA M. VALENTE 30
FOTOS: AMANDHA ALMEIDA DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL

Amor, carinho, respeito, cuidado, acolhimento e amizade são algumas das palavras mais usadas por Irene Moreira. Durante a tarde – muito agradável por sinal – que passei com ela, pude entender o motivo da sua loja ter sucesso há mais de 30 anos: o carisma e a atenção dispensados às pessoas que a cercam.
Mulher forte e convicta, ela vem transformando seus sonhos em realidade sendo muito persistente e visionária. Apesar de estar presente o tempo todo na loja que leva seu nome – seja administrando o negócio, seja tirando medidas, fazendo ajustes ou atendendo clientes – Irene é muito discreta e dificilmente tem sua imagem divulgada publicamente.
“Hoje a Irene Moreira não é uma, a Irene são muitas. Não fosse pelas pessoas que passaram pela loja, que entenderam nosso propósito e nossa missão, talvez não estaríamos aqui. Cada colaboradora que passou ou está conosco ainda, vem contribuindo para tornar a loja o que ela é hoje”, enfatiza Irene.
Carinhosamente chamadas de Irenetes, suas colaboradoras têm perfis distintos e são diferentes entre si, mas todas falam a mesma língua, garante Irene. “Nosso maior objetivo é corresponder esse carinho do cliente que veio nos prestigiar, que dá preferência para a gente em meio a um montante de lojas na qual estamos inseridas. Isso nós valorizamos muito, e é com muito amor que a gente acolhe essas pessoas”, afirma.
Atendimento exclusivo e qualidade
Uma característica da loja que faz toda a diferença é o atendimento personalizado em sistema de carteira. Os clientes são atendidos sempre pela mesma colaboradora, fazendo com que as visitas à loja fiquem cada vez melhores, já que vão criando uma sinergia e uma intimidade que
culminam em uma experiência de compra única. “A gente vai entrando cada vez mais na vida deles, e eles nas nossas, de forma respeitosa, claro, e quanto mais os conhecemos, mais podemos orientar e trazer produtos
que se encaixem perfeitamente para cada um”, acrescenta.
Tem muita gente que não frequenta a loja só para comprar, tem que vá também para conversar, tomar um café, pois ao longo desses anos, a loja Irene Moreira se tornou um ambiente no qual os clientes deixaram de ser apenas clientes para se tornarem amigos.
Outra característica é que a loja possui vários nichos de atendimento para preservar o cliente. A boutique conta com sala de festas, a parte fashion, a seção dia a dia e o setor de calçados. “Nós temos clientes de todo tipo, tem quem não se importa de sair do provador e mostrar a roupa em meio a outras pessoas; tem quem prova a roupa e não sai de dentro do provador, tem quem leva as roupas para experimentar em casa. O fato da loja ser dividida como é, dá essa privacidade. Respeitamos o modo de ser de cada um”, ressalta Irene.
Mas independente do estilo, um fator que é indispensável é a qualidade dos produtos oferecidos dentro da loja. “Seja roupa de marca ou peças para o dia a dia, eu faço questão de escolher a dedo. Só trabalho com produto de excelência. Não à toa tenho clientes que ainda usam as roupas que compraram há mais de 20 anos comigo e estão inteiras”, comenta.
Como tudo começou
Vendedora nata, Irene Moreira se lembra de vender desde os seis anos de idade. Também começou a costurar muito cedo. Aos 13 anos já dava aulas de corte e modelagem. Aos 15, ganhou de sua mãe – de quem ela fala bastante e com muito orgulho – uma máquina de costura, que a acompanha na loja até hoje. “Quando minha mãe me deu a máquina ela me disse assim: – Neste momento eu teria que te dar um anel [porque naquela época as debutantes costumavam ganhar um anel] mas eu vou te dar um instrumento e com ele você vai poder comprar quantos anéis você quiser”, recorda Irene.
Esse foi apenas um dos inúmeros ensinamentos que a mãe, Dona Marieta, passou para ela. Nona de uma família de 10 irmãos, Irene Moreira nasceu em Betim (MG). Chegou em Paulínia com o marido, Paulo, e os três fi lhos Carlos Wagner, Paulo Maurício e Júlio César ainda pequenos, em meados de 1985. Sentindo-se sozinha e desprotegida longe da família, foi a mãe que a incentivou a persistir e ficar.
Em Betim, Irene vendia vestidos infantis bem elaborados que ela mesma costurava. Já em Paulínia, começou revendendo roupas infantis. Ela conta que a primeira pessoa para quem ofereceu seus produtos, comprou tudo e começou a indicá-la. O “boca a boca” a levou para o Cetreim, onde ia durante o almoço dos funcionários oferecer as peças. Rapidamente a procura começou a crescer e ela resolveu abrir uma loja na sala da casa dela. A sala foi fi cando pequena e precisou usar também a garagem.
As mães que compravam na loja, vendo o bom gosto e habilidade de Irene com moda, começaram a pedir para que ela trouxesse peças para elas. Foi nesse momento que Irene viu uma oportunidade única: vender roupas de marca, já que naquele tempo, quem quisesse produtos diferenciados tinha que sair de Paulínia para comprar.
Apesar da boa vontade, Irene deu de cara com uma dura realidade, existia antigamente uma grande burocracia para poder revender as roupas de marcas, as empresas eram exigentes e foi um grande desafio. Mas ela não desistiu e sua primeira marca de mercado foi a Vício. Depois, aos poucos, vieram as demais, como Triton, Fórum, Zoomp entre tantas outras.
“O seu Orlando, que era o dono da casa, permitia as melhorias no imóvel para expandir a loja e sempre me dizia que um dia essa casa seria minha”, lembra com orgulho. E foi mesmo. O negócio foi crescendo e a família precisou se mudar, para dar mais espaço para expansão da loja. Com muito suor e dedicação, Irene foi construindo sua reputação, colecionando amigos e espalhando o amor. “Essa cidade me acolheu como filha, Paulínia é minha segunda casa. Primeira vez que minha mãe veio me visitar, ela me disse que estava indo embora tranquila, porque eu tinha sido muito bem acolhida, muito bem recebida, e me disse para nunca perder esse respeito e esse carinho que as pessoas dispensaram a mim. Eu só tenho a agradecer a Deus imensamente pelas pessoas de Paulínia e região que foram fundamentais na minha vida”, agradece.
Missão
“Eu sempre fiz vendas por prazer, por missão. Graças a Deus trabalho com algo que me concede isso, pois a pessoa entra aqui de um jeito e sai de outro, muito melhor. Não é só a roupa, é poder valorizar a autoestima. Eu fui muito despertada nisso, me fizeram acreditar que eu conseguia, e eu acho que essa é minha missão, minha função, despertar no outro o que ele tem de melhor. A única coisa que eu posso fazer pelo outro é valorizar o que ele tem de bom”, revela Irene.
E completa: “Por sorte eu tenho um parceiro maravilhoso, o Paulo, que me valoriza muito, isso que eu desperto nas pessoas ele desperta em mim diariamente, então tudo isso que acontece hoje eu devo muito a ele, por acreditar no meu trabalho, por me incentivar e me acompanhar”.