Como pouquíssimos adeptos no Brasil, Michel Mendes, professor do Anglo Paulínia, se dedica a arte de tocar esse instrumento curioso, difícil e de sonoridade exclusiva
POR FERNANDA MARQUES VALENTE
FOTOS: DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL
Ela é diferente de todos os instrumentos musicais que a gente conhece. Seu som é inconfundível e a história da sua criação a deixa ainda mais interessante. Estou falando da gaita de fole escocesa e quem é apaixonado desde criança por ela é Michel Mendes, professor de História do Anglo Paulínia e doutorando em Letras Clássica pela Unicamp. Ele conta que sua mãe diz que desde os oito anos de idade, ele já falava que queria aprender a tocar a gaita de fole escocesa. “Mas ela não sabia nem o que era, nunca tinha ouvido falar, não existia curso na região e eu não sei ao certo o que me despertou esse interesse”,revela Mendes.Apesar da paixão pela gaita, como não tinha acesso a ela, ao longo da sua vida Mendes aprendeu a tocar outros instrumentos, como violino, teclado, órgão de tubo e cravo. Só no ano de 2000, quando começou a graduação na Unicamp é que conheceu uma pessoa que tocava e que passou a ensiná-lo. Assim como tocar o instrumento não é fácil, para que ele pudesse aprender também não foi. Por um tempo teve aulas em Campinas, mas depois teve que começar a se deslocar até São Paulo para aprender, o que faz até hoje para poder ensaiar com a banda da qual faz parte, a SASPD (Sant Andrew Society Pipes and Drums), uma das poucas bandas de gaita de fole do Brasil.
O grupo é ligado à Sociedade Escocesa de São Paulo e tem apoio da Cultura Inglesa. Em 2017, eles ficaram em 3º lugar no 7º Encontro Sul-americano de bandas de gaita de fole e costumam tocar em eventos temáticos, para prefeituras e alguns programas de TV. Seu amor pela gaita é tamanho que em 2007 foi para Escócia participar de uma competição com a banda e acabou ficando três meses no país para se aperfeiçoar mais no instrumento. Ano passado, em setembro, Mendes se apresentou no Theatro Municipal de Paulínia, durante a Mostra de Teatro do Anglo Paulínia. Na ocasião, ele tocou um pout-pourri, inclusive com músicas brasileiras. O professor foi muito aplaudido e elogiado.