Um dos palestrantes mais requisitados da atualidade deu uma entrevista exclusiva para a Revista ZAP antes de subir ao palco e cativar o público do ZAPfest com seu poder de oratória, sua postura teatral e voz empostada
Texto: Por Elisandra Bueno
Fotos: Camila Barros
Muitos passam a semana esperando que ela termine, não é mesmo? Sempre esperamos algo de bom no ‘depois’ quando, na verdade, a hora de ser feliz é o agora. Essa e outras reflexões foram oferecidas ao público presente no Fórum de Negócios da 6ªedição do ZAPfest pelo professor e escritor conhecido internacionalmente, Clóvis de Barros Filho.
Um dos mais requisitados palestrantes da atualidade, o – também -jornalista coleciona títulos. Doutor em Direito pela Universidade de Paris e em Comunicação pela Universidade de São Paulo, autor de mais de uma dezena de livros, Clóvis divertiu o público falando de coisa séria. Assim também atendeu a equipe da ZAP com exclusividade antes de subir ao palco, discorrendo sobre o atual momento da educação, negócios, ética e um pouquinho de sua intimidade.
Casado, pai de três filhos, em sua apresentação o professor – com o dom de ser didático – discursou sobre Felicidade e Valores no Trabalho. Para os gregos, a felicidade é um instante devida que vale por ele mesmo. E para Clóvis, seu instante é quando está em família. “Gosto muito de reuniões em família, eu prezo muito por elas. Todas as vezes que posso, reúno todo mundo para vir em casa, bater um papo. Esse é o meu momento de maior alegria, suspirou. Por trinta anos lecionou em salas de aula. Neste cenário, foi escolhido patrono, ou paraninfo, por trinta vezes.
Apesar de estar afastado das aulas atualmente, seus olhos não deixam de brilhar ao falar sobre esse período de sua vida. Além de demonstrar consciência de missão cumprida. “Eu imagino que havia um certo apreço pelo meu trabalho, não é?! E isso para mim é o mais fundamental. Provavelmente devo ter dito muita coisa equivocada dentro desse período, talvez desiludido e desencantado muita gente, mas sempre foi tentando fazer o melhor e proporcionar a maior lucidez possível aos alunos”, comentou. Famoso no mundo virtual, Clóvis de Barros e outros pensadores brasileiros como Mario Sergio Cortella – que palestrou ano passado no ZAPfest – são um fenômeno que surgiu com a facilitação à informação e ao conhecimento através da internet.
Com milhares de seguidores em suas contas pessoais das redes sociais, vídeos desses profissionais viralizam semanalmente e conquistam cada vez mais a simpatia dos internautas. Clóvis afirma que essa sensação de pertencimento a um grupo que a internet provoca sempre existiu, e graças a‘ela’ é possível alguém se posicionar, fazer parte, se definir e fazer visível, porém as novas técnicas de relacionamento aceleraram as reações. “O pertencimento a grupos vale para as torcidas de futebol, por exemplo, ou ainda à religião. As pessoas acabam‘existindo’ por fazerem parte de um determinado grupo. Apesar de viver uma realidade que sempre existiu, as novas técnicas de interação aceleram muito as reações e talvez tornem os conflitos mais agudos, dando então a impressão de que isso nunca tenha existido antes”, explicou.
Para ele, a força virtual não pode ser deixada de lado pelos educadores, afinal, também tornam as pessoas um pouco mais preparadas para interagir, isso é benéfico e enriquece a convivência entre todos. Ao mesmo tempo que é perceptível uma queda abrupta de repertório crítico de capacidade de abstração, de concentração diante das ideias mais profundas, segundo o professor. “Para o conteúdo que eu sempre lecionei em minhas aulas, o aluno de hoje é infinitamente menos preparado do que há vinte anos”.
Neste contexto, uma das premissas para nortear a relações é a felicidade, e aética é um importante caminho para se chegar a ela. “A ética é um tipo de conhecimento muito particular, porque não acaba no discurso, nem na inteligência, ela acaba na prática. Ética é a prática regida pelo pensamento e portanto, todo desalinhamento entre o que é dito e o que é feito é um desalinhamento cínico, hipócrita e, sendo assim, perturbador da convivência”, refletiu ele.
Desta forma, encerrou a entrevista com o desejo de que a palestra fosse um grande encontro de trocas de experiências, um momento significativo para dialogar. Assim, o professor se despediu e subiu ao palco, com sua postura teatral e voz empostada, nem deu boa noite, desatou a falar daquela forma acessível, que tanto cativa o público. Clóvis de Barros Filho terminou sua apresentação ovacionado em pé no Theatro Municipal de Paulínia e, em seguida, recebeu o público para uma Noite de Autógrafos.